Evento promovido pela ABIMO durante a programação da FISWeek reuniu especialistas abordando os desafios da indústria de dispositivos médicos no país
No dia 7 de novembro, a ABIMO promoveu o Fórum Brasil Saúde durante a edição 2024 da FISWeek. Na ocasião, importantes nomes da saúde pública e da privada se reuniram para tratar “Integração de Políticas Públicas e Desenvolvimento do CEIS”. Porém, a Associação não limitou sua participação no evento ao fórum. Também esteve presente com seus executivos na abertura e em palestras e painéis da programação oficial.
Com discussões relevantes moderadas pelo CEO da Associação, Paulo Henrique Fraccaro, o Fórum Brasil Saúde recebeu José Gomes Temporão, ex-ministro da Saúde, Leandro Safatle, secretário adjunto de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde do Ministério da Saúde Adriana Costa, diretora da Siemens Healthineers, Pedro Westphalen, deputado federal, Marina Viana, consultora em PPPs de saúde, e Eduardo Jorge Valadares Oliveira, coordenador da unidade do NIPS Paraíba.
Integração e desenvolvimento do CEIS como política de Estado
Na abertura do fórum, Fraccaro destacou a necessidade de uma ampla discussão sobre os desafios do Complexo Econômico-Industrial da Saúde (CEIS) no Brasil e Temporão ressaltou a relevância da autonomia nacional, exemplificando com a abertura do mercado farmacêutico e os esforços do Ministério da Saúde para fortalecer o setor. “O CEIS é um pilar da economia brasileira e precisa de segurança jurídica para atrair investimentos e avançar em governança”, disse.
Na sequência, Safatle declarou que o foco, agora, é construir um modelo econômico baseado no interesse social, priorizando o poder de compra público como motor para desenvolvimento da saúde. “Invertemos a lógica: a área e os benefícios sociais determinam o desenvolvimento econômico. Diferente do que era antes”, destacou.
A reforma tributária foi um dos temas discutidos, quando Temporão apontou que a saúde geralmente não é tratada como prioridade no Brasil, onde o investimento público no setor representa apenas 42% do total, gerando pressão significativa sobre as famílias. Safatle, então, acrescentou que o atual sistema de impostos favorece a importação de produtos médicos, penalizando a produção nacional. “É preciso incentivar a produção local e garantir que quem fabrica no país tenha condições competitivas”, concluiu.
Tecnologia e inovação
O segundo painel do Fórum Brasil Saúde focou em tecnologia e inovação com a participação de Adriana Costa, diretora da Siemens Healthineers, e Pedro Westphalen, deputado federal. A discussão abordou o papel da tecnologia na eficiência do sistema de saúde. Adriana, então, destacou a importância de um foco preventivo, enfatizando que “a tecnologia é um fator-chave para criar uma jornada de saúde mais eficiente e reduzir desperdícios”.
Já o deputado defendeu maior integração entre o Sistema Único de Saúde (SUS) e a saúde suplementar, apontando que a inovação deve ser acompanhada de políticas públicas sólidas. Ambos concordaram sobre a necessidade de uma visão de médio e longo prazo para o setor, enfatizando que a tecnologia pode proporcionar uma saúde mais igualitária.
Parcerias público-privadas e sustentabilidade do SUS
No painel sobre parcerias público-privadas (PPPs), Marina Viana, consultora em PPPs de saúde, e Eduardo Jorge Valadares Oliveira, coordenador da Unidade Fabril de Dispositivos Médicos do Nutes, discutiram os benefícios das PPPs para a indústria de dispositivos médicos. Marina observou que as PPPs, quando bem executadas, representam uma solução viável para suprir lacunas do orçamento público, aproveitando a eficiência do setor privado. “Precisamos do setor privado como parceiro, especialmente em momentos de restrição orçamentária”, comentou.
Eduardo Jorge destacou que as PPPs foram cruciais para a indústria de vacinas, evidenciando o valor da tecnologia compartilhada. “A produção de dispositivos médicos permite um ganho em escala e eficiência que só a parceria com o setor privado proporciona”, afirmou.
Avanços e desafios para a saúde no Brasil
O Fórum Brasil Saúde foi encerrado destacando que, apesar das dificuldades, o setor de dispositivos médicos tem potencial para impulsionar o crescimento da indústria de saúde no Brasil. Fraccaro concluiu afirmando que “é fundamental garantir estabilidade para fomentar o desenvolvimento tecnológico e melhorar o acesso da população a uma saúde de qualidade”. O evento reforçou o papel da ABIMO na promoção de discussões que integram as necessidades da saúde pública e da indústria para fortalecer o setor no Brasil.
Publicado em 11/11/2024