China compra mais do Brasil e sobe para segundo lugar no ranking; empresas participantes do Brazilian Health Devices também exportaram mais no período
A indústria brasileira de dispositivos médicos ampliou em 13,6% suas vendas externas em 2023, um crescimento acompanhado pelas empresas participantes do Brazilian Health Devices, projeto setorial da Associação Brasileira da Indústria de Dispositivos Médicos (ABIMO) em parceria com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), que conquistaram desempenho 7,5% superior ao obtido em 2022.
As fabricantes de produtos para laboratório puxaram o crescimento ao elevar em 87,2% as exportações no período quando comparado com 2022. Foi o maior aumento entre todas as verticais avaliadas (reabilitação cresceu 25,04%, médico-hospitalar 0,18% e odontologia apresentou decréscimo de -5,12%).
Destaque também para a exportação de produtos médico-hospitalares, que seguem como o grupo mais representativo do setor, uma vez que dos US$ 1,06 bilhão de dispositivos médicos exportados pelo Brasil em 2023, US$ 596,12 milhões foram desses produtos.
Consolidando dados sobre os principais destinos das exportações brasileiras, nota-se que os Estados Unidos seguem como os principais compradores da produção nacional. O segundo lugar, no entanto, teve uma mudança bastante importante. A China, que em 2022 ocupava apenas a 16ª posição na lista dos principais compradores, passou a assumir a segunda colocação no ranking. O parceiro asiático importou, principalmente, aparelhos para filtragem de água para uso em laboratório e artigos laboratoriais de plástico. Esse detalhe justifica, inclusive, o aumento significativo das vendas de produtos para laboratório no período analisado.
Brazilian Health Devices
Dez porcento das exportações nacionais de dispositivos médicos durante 2023 foram realizadas pelas 137 fabricantes de produtos médico-hospitalares, odontológicos, de laboratório e de reabilitação participantes do Brazilian Health Devices. No período, essas companhias conquistaram crescimento de 7,5% nas vendas externas, ultrapassando a marca de US$ 100 milhões de vendas internacionais.
“Durante a pandemia de covid-19, que exigiu aumento na produção e na comercialização de dispositivos médicos para atender aos milhares de infectados em todo o mundo, as empresas do BHD cresceram muito suas vendas externas. Em 2021 o aumento ultrapassou 30% e, em 2022, chegou a 17%. Seguir crescendo em 2023, mesmo com o controle da doença e a vacinação em massa é bastante representativo, visto que conseguimos manter em alta a internacionalização das nossas empresas mesmo após o boom de vendas durante o período pandêmico”, explica Larissa Gomes, gerente de projetos e marketing internacional da ABIMO.
O que a executiva quer dizer é que seria natural um retorno às margens pré-pandemia, mas como o projeto vem se desenvolvendo positivamente ao longo dos anos, as empresas participantes seguem crescendo mesmo sobre os altos números da era covid-19.
Ao todo, 137 países compraram das empresas participantes do projeto no ano passado e em 82 deles essas marcas conseguiram ampliar o volume de exportações. Os Estados Unidos seguem como o destino principal dos produtos do BHD, seguidos pela Argentina, México, Peru e Chile, o que comprova a boa entrada do projeto setorial no continente americano.
Necessário frisar que Emirados Árabes Unidos, país que sedia três importantes feiras globais que integram o calendário de ações do BHD (Arab Health, AEEDC e MedLab, todas realizadas anualmente no primeiro bimestre), ocupa o sexto lugar no ranking dos principais compradores, mostrando a eficiência da participação nacional nesses eventos.
Os resultados positivos do projeto foram fundamentais para a renovação da parceria entre a ABIMO e a ApexBrasil, garantindo a realização da ação por mais dois anos e o investimento massivo nas relações comerciais com 22 países das Américas, África, Ásia e Oriente Médio, que serão os mercados-alvo do projeto até outubro de 2025.
Balança comercial
Em 2023, o Brasil importou R$ 8,18 bilhões em produtos médicos hospitalares, o que representa crescimento de quase 10% no comparativo com 2022 e torna a balança comercial do setor deficitária.
A vertical de laboratório também lidera esse movimento, representando 47% do total importado, com destaque para produtos imunológicos e reagentes para uso laboratorial (produtos médico-hospitalares estão em segundo lugar, com 43,4% do total, e os dois segmentos, juntos, representam, quase 91% das importações). As principais nações fornecedoras para o território nacional são Estados Unidos, Alemanha, China, Irlanda e Suíça.
Algumas mudanças legislativas ocorridas no segundo semestre de 2023, entre elas a reforma tributária e a possível conquista da isonomia tributária para o setor, devem contribuir para o melhor equilíbrio da balança comercial na área de dispositivos médicos, já que tornará a competição entre produto nacional e produto importado mais justa.
Publicado em 18/01/2024