Prototipagem é tema do terceiro encontro da Jornada de Inovação em Saúde

ABIMO e Embrapii realizaram evento que reuniu dezenas de executivos interessados em inovação

Prototipagem foi o tema do terceiro encontro da Jornada de Inovação em Saúde, ação que está sendo realizada pela ABIMO – Associação Brasileira da Indústria de Dispositivos Médicos em parceria com a Embrapii – Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial. O evento aconteceu no prédio da Fiesp, em São Paulo, no dia 24 de agosto, e contou com apresentações de indústrias que já utilizaram o modelo de fomento da Embrapii bem como de centros de excelência que atuam especificamente com o desenvolvimento de protótipos para a cadeia da saúde.

Jamir Dagir Jr., presidente da ABIMO, participou do evento ao lado de Márcio Bósio, diretor institucional e responsável pela moderação do evento, e Paulo Henrique Fraccaro, CEO da Associação. “Prototipagem é um assunto extremamente importante para as empresas. Sou do tempo em que os protótipos eram feitos em madeira ou em gesso. Agora, com toda a evolução, podemos contar com computadores e até mesmo impressoras 3D”, comentou o presidente, enfatizando que a indústria de saúde que não inova não consegue sobreviver nesse mercado altamente competitivo.

Representando a Embrapii, Fábio Cavalcante, coordenador de mobilização empresarial da instituição, explicou a escolha do tema. “O objetivo desses eventos é criar conexões entre as demandas das empresas e os nossos centros de pesquisa e excelência. Prototipagem, tema escolhido para esse encontro, é a segunda tecnologia habilitadora que mais aparece nos nossos projetos, empatada com inteligência artificial e depois de integração de sistemas”.

Nesta edição, Vitor Pimentel, gerente setorial do BNDES, não pode comparecer presencialmente, porém mandou um vídeo depoimento sobre a envolvimento do banco nos projetos. “A atuação do BNDES na saúde é pautada na aproximação com o SUS. Buscamos, sempre, dar resiliência e sustentabilidade para o sistema para reduzir a vulnerabilidade e ampliar o acesso da população. Claro que sabemos ser impossível prever se uma tecnologia será posteriormente incorporada ao SUS, mas entendemos que esse tem que ser o olhar desde o início do desenvolvimento”, pontuou.

Antes das empresas falarem sobre a experiência de inovar ao lado da Embrapii, Cavalcante explicou o modelo utilizado por eles para estimular a inovação no país. “Somos uma associação privada qualificada como organização social com contrato de gestão com ministérios, entre eles o Ministério da Saúde”, explicou.

Hoje já são 2.172 projetos apoiados, totalizando R$ 3,17 bilhões, e 55% deles são de pequenas empresas. Outro ponto importante de destacar é que dos 1.288 projetos concluídos, 666 geraram pedidos de propriedade intelectual. Somente na área da saúde, que responde por 12,6% do total de projetos da Embrapii, já são R$ 250 milhões investidos.

Muito interessante para o setor, composto prioritariamente por pequenas e médias empresas, o modelo utilizado pela Embrapii aposta no compartilhamento de custos e de riscos, sendo que a Embrapii chega a arcar com 50% do valor do projeto em recursos não reembolsáveis (o que significa que mesmo que o desenvolvimento não se prove atrativo para o mercado, o valor não precisa ser devolvido). Os outros 50% são divididos entre o centro de excelência e a empresa.

Há, ainda, a possibilidade de envolvimento do Sebrae, também compartilhando custos. Neste caso, o foco está em startups e o programa é o Lab2Market, onde a Embrapii arca com 50%, a Unidade Embrapii com no mímino 20%, o Sebrae com 21% e a empresa apenas com 9%. “De forma clara, isso significa que em um projeto com custo total de R$ 100 mil, caberá à empresa ofertar apenas R$ 9 mil”, exemplificou o executivo.

Experiência das associadas

Duas associadas à ABIMO participaram do encontro para relatar um pouco de suas experiências ao desenvolver projetos em parceria com a Embrapii. O primeiro relato foi de Renata Gabaldi Silva, coordenadora de desenvolvimento da Braile. Segundo ela, a empresa já tem cinco projetos nesses moldes. “Um produto médico pode levar mais de 10 anos para ser desenvolvido a depender da sua classe de risco. E, para reduzir esse tempo, nada melhor do que compartilhar conhecimento. Foi o que buscamos na parceria com a Embrapii”, disse.

Para Renata, entre os pontos positivos da parceria estão a contratação direta entre a empresa e a Unidade Embrapii, que elimina a parte burocrática do envolvimento com a financiadora; a autonomia dos centros de pesquisa para definir escopo, cronograma e custo; o compartilhamento de risco; e os profissionais altamente qualificados que se envolvem nos projetos.

Na sequência, Anderson Luis Zanchin, CTO da MM Optics, também compartilhou detalhes sobre a experiência da companhia que está com quatro projetos sendo desenvolvidos pelo fomento da Embrapii. “Um dos projetos remete à automação de um processo interno que nos levou a um aumento de produtividade de cerca de 40%”, pontuou exemplificando que não necessariamente as inovações devem ser equipamentos que serão comercializados no mercado.

Unidades Embrapii e suas expertises

Todas as 96 Unidades Embrapii têm experiência em trabalhar com o setor privado. Instaladas nos quatro cantos do país, atendem a diversas demandas tecnológicas e oferecem equipes altamente qualificadas com mais de 10 mil pesquisadores para o desenvolvimento de projetos diversos.

“É importante enfatizar que não há restrição geográfica. Então, uma empresa instalada no sul pode, tranquilamente, desenvolver um projeto com um centro de pesquisa do norte do país”, esclarece Cavalcante.

Neste encontro da jornada específico sobre prototipagem, seis Unidades Embrapii participaram. Conheça cada uma delas em detalhes:

CERTI
Sistemas mecatrônicos, software para sistemas inteligentes e sistemas de manufatura.

CESAR
Internet das Coisas (IoT).

CIMATEC
Automação industrial; robótica; e otimização de processos industriais.

ELDORADO
Dispositivos de computação móvel e dispositivos de suporte à conectividade e network.

IFSC/USP
Biofotônica e Instrumentação, atende demandas de projetos de pesquisas em desenvolvimento de equipamentos Biofotônicos e Instrumentação Biofotônica

NUTES/UEPB
Desenvolvimento de software, usabilidade, análise de conformidades de dispositivos eletromédicos, manufatura aditiva.

A terceira edição da Jornada de Inovação em Saúde está disponível no canal do Youtube, neste link.

Estão disponíveis as apresentações da Embrapii, neste link, Braile, neste link, Eldorado, neste linkCERTI, neste linkCIMATEC, neste link, IFSC/USP, neste link, CESAR, neste link, e NUTES, neste link.

A quarta e penúltima edição da Jornada de Inovação em Saúde será realizada em 10 de outubro e tem como tema central Biotecnologia, as inscrições estarão abertas em breve.

Publicado em 31/08/2023

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