Com quase 3 mil profissionais entrevistados, estudo traça o cenário dos consultórios atuais e sugere quais áreas tendem a ter melhor desempenho nos próximos meses
Uma das divisões do Censo da Odontologia, estudo realizado pela ABIMO com apoio do CFO (Conselho Federal de Odontologia) e executado pela consultoria italiana Key-Stone, é a pesquisa setorial. Foram entrevistados quase 3 mil cirurgiões-dentistas e, com base nos retornos obtidos, foi construído um documento que detalha a demanda de serviços odontológicos no território brasileiro.
Com média de 46 anos, os entrevistados constituíram uma amostra geográfica representativa, sendo 50,7% do sudeste, 18,5% do nordeste, 15,6% do sul, 9,1% do centro e 6,1% do norte. O tempo de consultório estava bastante equilibrado entre espaços com até 20 anos de existência e aqueles com constituição mais recente, iniciada a partir de 2018. O porte dos consultórios também variava: 49% tinham apenas uma cadeira, 30% tinham duas e 21% tinham três ou mais.
Entre as disciplinas odontológicas praticadas, a pesquisa revela que mais da metade (53%) dos consultórios brasileiros têm caráter generalista. Implantologia e ortodontia são as especializações mais comuns, mas há, distribuídos pelo país, consultórios com atuação dedicada à restauração dentária, próteses fixas e removíveis, cirurgia, endodontia, prevenção e profilaxia, periodontia e medicina estética para harmonização orofacial. Interessante observar que essa última especialidade mencionada tem maior prevalência entre cirurgiões-dentistas com menos de 40 anos.
Na média nacional, os consultórios atendem cerca de 36 pacientes por semana. Porém, aqueles que atuam com convênios odontológicos atendem mais pacientes semanalmente, com a média chegando a 44. Mas, entre todos os cirurgiões-dentistas entrevistados, somente um terço declarou fazer atendimentos por meio de convênios.
De olho no futuro, 33% dos profissionais entrevistados acreditam que a demanda por atendimento odontológico permanecerá estável, e 39%, ainda mais otimistas, acreditam que aumentará. Uma minoria (29%) espera redução no próximo ano. A expectativa mais pessimista se concentra entre cirurgiões-dentistas com mais de 50 anos situados na região sudeste e com consultórios que atuam desde o início dos anos 2000.
Nota-se, então, que nas áreas com menos competição (menor disponibilidade de profissionais por habitante), os indicadores de confiança são positivos, assim como para os cirurgiões-dentistas mais jovens e as clínicas mais recentes que estão, fisiologicamente, em fase de crescimento.
Oportunidades para a indústria
A relação entre os cirurgiões-dentistas e suas compras mensais (que têm ticket médio de R$ 2.653) no Brasil tem se consolidado no ambiente virtual, já que quase 70% deles declararam utilizar frequentemente o canal on-line para adquirir seus produtos. Esse percentual é significativamente mais elevado do que o observado em território europeu.
A cadeira odontológica é um dos primeiros – e principais – equipamentos adquiridos na montagem de um consultório. Hoje em dia, a média nacional é de duas cadeiras por clínica e a intenção de adquirir uma ou mais cadeiras nos próximos meses é baixa, sendo que somente um a cada quatro cirurgiões-dentistas entrevistados indicaram planos de compra futura. Porém, é preciso manter atenção aos cerca de xxxxxxx estudantes que em breve se formarão em odontologia e buscarão atuar nesse mercado.
Quanto à radiologia panorâmica, somente 6% dos entrevistados contam com um aparelho no consultório e a intenção de compra é mais alta naquelas clínicas com três ou mais cadeiras.
Segundo o Censo da Odontologia, duas tecnologias ainda pouco difundidas nos consultórios brasileiros merecem atenção por ter forte potencial de expansão: impressora 3D, que tem 23% dos entrevistados interessados em comprar no futuro, e fresadora, com intenção de compra em 16% da amostra.
A pesquisa mostra, também, uma excelente oportunidade de mercado para a venda de scanners intraorais, visto que a quantidade de profissionais interessada em adquirir a tecnologia é superior àquela que já a possui. Além disso, 20% daqueles que já contam com o scanner em seu consultório declararam interesse em adquirir outro, seja para substituição do já existente, seja como aparelho adicional.
Na área de moldagem, onde há tecnologias distintas disponíveis no mercado, apenas 8% das impressões são realizadas em formato digital. Do total, 68% seguem sendo feitas com elastômeros e 24% com alginatos. Avaliando o futuro, somente 10% dos entrevistados acreditam que esses materiais serão totalmente substituídos pelas impressões digitais e quase 60% creem que o padrão se manterá como está.
Os cirurgiões-dentistas que praticam a implantologia no consultório realizaram, em média, 42,5 implantes no último ano. Entre aqueles que promovem tratamentos ortodônticos, foram quase 30 casos por profissional em 2024. Desses, 82% seguiram a ortodontia tradicional (com brackets, bandas, fios e expansores) e apenas 18% utilizaram alinhadores ortodônticos (também conhecidos como alinhadores invisíveis).
No campo da harmonização orofacial, 80% dos cirurgiões-dentistas se posicionam a favor da inclusão de tratamentos de medicina estética nos consultórios dentários. Entre eles, há uma divergência de opinião bastante equilibrada: enquanto 41% deles acredita que esses tratamentos devem ser integrados aos odontológicos, 39% não vê problemas em oferecê-los separadamente.
Hoje em dia, mais de um terço da amostra já oferece estética orofacial; 8% preveem a inclusão no futuro e 12% pretende explorar essa oportunidade. Quase metade dos entrevistados (46%), porém, não demonstra interesse em adotar essa especialidade.
Os dados são do Censo da Odontologia. O índice da pesquisa setorial completa e seu resumo estão disponíveis AQUI. A versão integral poderá ser adquirida a partir de setembro de 2025.
Publicado em 30/01/2025