Maquira amplia vendas na América Latina com abertura de filial no Chile

Nos 10 primeiros meses de 2024, empresa já bateu o número de exportações de 2023 para o país; marca está planejando nova expansão, dessa vez para a Colômbia

Atuando estrategicamente para expandir as relações comerciais com países latino-americanos, a Maquira, que trabalha para ser a maior empresa da América Latina em soluções digitais, biomateriais e consumíveis odontológicos, está com uma nova filial instalada no Chile, país que tem quase 20 milhões de habitantes e um mercado próspero na área de produtos para odontologia.

A marca, participante do Brazilian Health Devices (BHD), projeto setorial da Associação Brasileira da Indústria de Dispositivos Médicos (ABIMO) em parceria com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), tem planos para a abertura de novas filiais na América do Sul.

“Já comercializávamos nosso portfólio de produtos para o Chile desde 2010, sempre por meio de distribuidores. Porém, com o passar dos anos, víamos que esses distribuidores eram frequentemente substituídos e isso nos levava a perder espaço de mercado. Aumentávamos nossas linhas no Brasil, mas elas não chegavam para os países vizinhos. Foi quando paramos para pensar em uma alternativa”, explica Daniel Maia, gerente de Comércio Exterior. A saída para vencer essa barreira foi levar a empresa para dentro do país.

O processo de abertura de uma filial no Chile foi iniciado em dezembro de 2023, quando a equipe da Maquira visitou o país para conhecer o mercado com mais profundidade, analisando tamanho, oportunidades e como a marca era vista pelos profissionais locais. Dois meses depois, em fevereiro de 2024, a instalação começou a de fato ser operacionalizada; em maio a empresa foi aberta e, em junho, a primeira importação direta do Brasil para a filial chilena foi oficializada. O investimento inicial, considerando a primeira importação, os impostos e a abertura da empresa, foi de US$ 320 mil.

“Temos, hoje, duas funcionárias locais e de 30 a 40 distribuidores atuando no Chile. Além disso, já aumentamos nosso número de SKUs em 80 itens. Estamos sentindo o mercado, mas vemos que há possibilidade de maior crescimento e, portanto, apesar de termos começado na capital, Santiago, já estamos trabalhando para atender o sul e o norte do país”, declara Maia.

Como os produtos fabricados e comercializados pela Maquira não carecem de registro diretamente na ANDID (Agência Nacional de Dispositivos Médicos, Inovação e Desenvolvimento), a agência reguladora local, congênere à Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), o acesso da marca no território vizinho tornou-se mais simples. Porém, outros desafios se instalaram. “Parece que foi um processo rápido, mas foi doloroso”, diz o executivo.

A burocracia foi um dos pontos de dificuldade da empresa nessa entrada no Chile. Isso porque questões relacionadas à legislação trabalhista, por exemplo, e ao sistema tributário local são complicadas. Isso sem falar na logística, que precisou ser muito bem desenhada. “Nossos primeiros embarques foram realmente traumáticos”, pontua.

Mesmo com as dificuldades, a implementação de uma filial no país vizinho foi bem sucedida e já rendeu resultados positivos. De acordo com Maia, nos 10 primeiros meses de 2024 a empresa já atingiu o volume de exportações para o Chile registrado ao longo de todo o ano passado.

Após a experiência positiva da abertura de uma filial no Chile, a Maquira deve iniciar o processo para entrar no mercado colombiano, porém, por lá, há desafios aparentemente ainda mais complexos a serem enfrentados. “Vamos iniciar o processo em dezembro, entendendo o mercado e as oportunidades existentes. Porém, já sabemos que haverá a barreira regulatória”, explica o executivo. Isso porque, diferentemente do Chile, para comercializar seus produtos na Colômbia, a marca precisa do registro de cada um deles junto à Invima (Instituto Nacional de Vigilancia de Medicamentos y Alimentos). Além disso, para abrir uma empresa no país o quadro societário precisa contar com pelo menos um membro colombiano.

Independentemente das dificuldades que serão enfrentadas, a Maquira enxerga, na Colômbia, uma grande oportunidade de conhecimento e ampliação da marca na América Latina. “Em tamanho e número de cirurgiões-dentistas, o mercado colombiano é o triplo do chileno”, diz Maia. Hoje, a Colômbia tem cerca de 50 milhões de habitantes.

Com essas movimentações, as exportações vêm ganhando força na estratégia da companhia. Em 2023, 80% do que era fabricado permanecia em território nacional e apena 20% seguia para outros países. Em 2024 esse percentual já sofreu mudanças e 75% fica no Brasil, enquanto 25% está sendo utilizado por profissionais da odontologia de mais de 80 países. O principal destino das exportações da Maquira é a América Latina, que consome cerca de 70% de tudo o que a empresa exporta.

Todo o processo de internacionalização da marca, iniciado em 2008 com a primeira exportação de produtos para o Peru, vem sendo acompanhado de perto pela ABIMO, pela ApexBrasil e pelo Brazilian Health Devices. “O projeto contribui muito, principalmente com o compartilhamento de dados de mercado e com o apoio para participação das empresas em feiras e missões internacionais”, diz Maia.

O executivo menciona, inclusive, que recentemente esteve na Rússia com a delegação brasileira coordenada pelo projeto para participar da Dental-Expo Moscou. “O mercado russo era pouco explorado por nós. Exportávamos, para lá, cerca de R$ 60 mil ao ano. Somente com a participação na feira subimos esse valor para R$ 300 mil. Isso sem falar nas possibilidades de ampliação e novos contratos que vamos trabalhar e na abertura de novos parceiros em toda a Euroásia”, finaliza o gerente.

 

Publicado em 24/10/2024

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